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v. 3 n. 1 (2025)


Nesta edição, a hibridização entre texto e imagem se faz presente. Seja nos ensaios que articulam elementos visuais e poemas, seja nas análises de obras que unem escrita e experimentações gráficas, essa confluência amplia novas formas de criar, pensar e produzir conhecimentos e saberes, pois “Produzir arte hoje é operar com vetores de um campo ampliado. Um campo que se abre ao entrecruzamento das diversas áreas do conhecimento, num panorama transdisciplinar, sem prejuízo de sua autonomia e especificidade enquanto prática da visualidade”.

Assim, abrimos a revista com o artigo de Clara Lima e Micaela Cavalcante, que nos transporta para a aula de Artes reinventada pela afetividade. As experiências relatadas como oficineiras mostram que a presença sensível do/a educador/a pode romper a rigidez das práticas tradicionais, criando espaços de aprendizagem mais humanizados e significativos, onde vínculos e trocas se sobrepõem à mera transmissão de conteúdos.

Na sequência, Isabel Cristina Baú Ortega-Gálvez apresenta o seu processo de criação e produção de um objeto-baú, que entrelaça arte, afeto e memória. Ao reunir minicontos escritos por sua mãe e memórias fictícias em um livro ilustrado, o texto propõe uma reflexão sobre o espaço físico do arquivo e sua função simbólica na preservação e materialização das memórias, evidenciando como texto e imagem dialogam e se complementam nessa produção.

No terceiro artigo, Daiara Greice Mendes Silva explora o universo do desenho contemporâneo de mulheres artistas, destacando de que forma Fabiane Langona e Laura Christo utilizam o grotesco e a escrita irônica para desafiar normas estéticas e estruturas patriarcais. Suas produções subvertem estereótipos de gênero e beleza, afirmando o grotesco como estratégia crítica e de reinvenção tanto na forma quanto no conteúdo.

Já Maria Clara Ferreira Fortunato aprofunda o debate sobre arte, política e emancipação em dois textos interligados. No artigo, a autora analisa como as obras de Anna Bella Geiger, Clara Ianni e Aleta Valente contestam narrativas hegemônicas a partir da aproximação entre feminismo e marxismo. Aqui, o título, enquanto palavra, amplia a reflexão proposta pelo trabalho visual. No ensaio, ela discute a democratização do acesso à arte no contexto capitalista, enfatizando o papel da organização social. Ambos discorrem, sob diferentes enfoques, as possibilidades de transformação por meio da arte.

Em seguida, a narrativa do poema de John Rhayllander Botelho Pires, ilustrado por Luiz Henrique Medeiros, aborda o impacto do agronegócio sobre o ambiente rural ao longo das rodovias entre Minas Gerais e São Paulo. A mistura dos versos melancólicos e os tons fantasmagóricos de cinza enriquece a crítica à padronização e ao esvaziamento do território, criando uma experiência estética e reflexiva singular.

No contexto da cidade, Diego Rocha inaugura a seção de ensaios visuais com fotografias de intervenções urbanas que tensionam o distanciamento entre o discurso institucional sobre arte e a vivência do público. Ao se apropriar da comunicação informal das ruas, sua obra questiona se a democratização defendida pelas instituições realmente se realiza no cotidiano ou permanece restrita à teoria, explorando a hibridização entre linguagem visual e textual.

A seguir, a performatividade de gênero é tema do ensaio fotográfico de Ana Gabriela Vital Ferreira e Arthur Dias Araújo Lopes, que documenta a transição entre persona e indivíduo durante a descaracterização de uma drag queen. 

Tifany Braga de Oliveira, por sua vez, propõe um olhar afirmativo sobre o corpo gordo, ressignificando o estigma e transformando-o em símbolo de potência, memória e resistência. O nu, apresentado sem pudor, desafia padrões normativos e reivindica o corpo como território político.

A última produção visual, de Bruno Póvoa Rodrigues com poema de Assíria Leite Coelho, nos convida a refletir sobre o tempo, a presença e o tédio. A sequência fotográfica, em diálogo com o texto poético, evidencia a intensidade dos pequenos gestos e a inquietude de existir no presente.

Nesta edição também teremos um dossiê especial que reúne artigos desenvolvidos durante as disciplinas de Projetos Interdisciplinares III (PROINTER III) e Estágio Supervisionado IV, ambas ministradas pela profa. Dra. Tamiris Vaz.

E por último, a entrevista com a profa. Dra. Priscila Rampin, que é egressa do curso de Artes Visuais da UFU, finaliza nossa publicação com reflexões importantes sobre docência, trajetória artísticas e os caminhos da vida.

Esperamos que cada página seja um convite ao diálogo, à escuta e à transformação.

Boa leitura!

Hanelle Machado Tavares de Camargo, editora-chefe 


(Revista completa)

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